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P. O. V — Back to when it mattered...
OOC: Pra quem quiser ler o texto formatado e bonitinho ele se encontra aqui (x). Todos os triggers estão devidamente sinalizados acima dos parágrafos, tentei manter mais leve e colocar todos que achei, mas caso achem mais algum não listado, basta comentar no chat que eu altero.
A primeira lembrança que tinha era de quando tinha seus míseros três anos de idade, o pai acariciando a enorme barriga da esposa, ele não aprecia alegre, mas esperançoso. Era difícil lembrar com clareza de tudo por que era muito jovem, mas lembrava do barão dizer que esperava que dessa vez viesse um menino, um herdeiro para tudo que tinha, alguém que pudesse seguir seu legado. Lembrava da mãe dizendo que lhe daria o filho homem que ele tanto queria, que assim eles poderiam ser felizes, o olhar de Isolde era esperançoso também, quase desesperado quando em comparação a apatia de Elijah. Winnifred estava escondida em um canto da sala, apenas observando até que viu algumas lágrimas escorrerem pelo rosto da mãe e sem pensar muito correu na direção do pai o chutando na canela. Aquela era a primeira lembrança que tinha do pai olhando na direção dela, mas tudo que transpareciam em seu olhar era raiva e desgosto, um tanto de desprezo.
TW: Agressão infantil.
—Eu espero, Isolde, que a próxima criança não herde seu temperamento instável e raivoso como essa aqui. — Foi o que o Blackwood disse a esposa, antes de se voltar a filha e a agarrar pela orelha com muito mai força do que era necessário a arrastando para fora da sala, as palavras dirigidas a ela eram algo que não esqueceria. —Irei lhe ensinar uma lição, para que essa atitude jamais se repita outra vez, Winnifred… Lhe farei entender a forma correta de se portar, não deixarei que se torne uma meretriz histérica como sua mãe.
TW: Agressão infantil.
Naquela época, ela não entendia o que ele queria dizer, o porquê de ter tamanho desgosto pela mãe e por ela. Sequer entendia por que a mãe não disse nada, por que discutia com tudo com o barão, mas nunca para lhe defender dos castigos que ele lhe dava. Mas mesmo com isso, ela ainda os amava mais do que qualquer um, Isolde e Elijah ainda eram o mundo de Winnifred e pelos anos seguintes isso não mudaria tão facilmente. Quando Mary nasceu, Winnifred não poderia ter ficado mais feliz em receber uma irmã com quem brincar, finalmente teria alguém para lhe fazer companhia, alguém que tornasse seus dias menos solitários. Porém, mesmo que não tivesse recordação exata das palavras, lembrava do barão Blackwood discutindo com a esposa pouco após ela dar à luz a Mary, falando algo como ela sequer lhe era útil para lhe dar um herdeiro como ele queria.
Conforme foi crescendo, também cresceram seu amor pela irmã mais nova e pelos pais, desejando os orgulhar, esperando que eles fossem capazes de lhe devolver o olhar de afeição que ela lançava a eles. Porém, a ruiva não pôde deixar de notar como, ainda que insatisfeito, o pai parecia encontrar conforto na companhia de Mary, que havia puxado mais a ele, em especial ao cabelo escuro da linhagem Blackwood, enquanto Winnie era quase uma cópia exata da mãe. Elijah buscava manter Mary por perto, saia com ela e por vezes lhe dava lições particulares, não só isso como lhe afagava a cabeça sempre que acertava algo, ele olhava para ela com algo que a mais velha nunca tinha visto antes, ele a olhava com carinho e isso a corroía por dentro. Sabia que não era culpa da irmã, ela não tinha culpa por ser mais quieta e observadora, por ser mais parecida com o pai, não tinha culpa de ser tão perfeita. E com isso, Winnifred se esforçou ao máximo para se portar mais como Mary, para ser a filha perfeita e ter ao menos uma migalha de afeição, mas nunca obteve isso, ele apenas parecia ignorar suas tentativas.
Isolde parecia ter entrado em uma espiral de tristeza, sequer ficava perto das duas filhas, sempre trancada no quarto lendo uma pilha de livros que nunca deixará Winnie sequer se aproximar. E a primogênita do barão Blackwood se tornava cada dia mais frustrada e raivosa, cansada de carregar todas as responsabilidades e assumir a culpa por tudo quando ela apenas tinha seus oito quase nove anos de idade, forçada a amadurecer muito mais cedo que o ideal, mais cedo do que ela gostaria. Os acessos de raiva começaram, com isso os castigos de Elijah apenas se tornaram piores, recordava de como ele resmungava sobre o quão parecida com a mãe ela era, sempre com aquela atitude desgostosa e rude, como ela era nada mais que uma decepção para ele.
E mesmo assim, quando o pai começou a adoecer, ela fez questão de ficar dia e noite ao lado dele, fazendo de tudo para que ele ficasse melhor. E mesmo que fizesse de tudo por ele, que fosse se desdobrasse para lhe dar o melhor cuidado, que fizesse qualquer coisa para obter o mínimo de atenção, ele ainda reclamava sempre que os olhos caiam sobre ela, sempre pedia para que Mary lhe visitasse e ficasse com ele. Foi no dia da morte de Elijah que ela viu que todo seu esforço havia sido em vão, que não havia valido de nada toda a dedicação gasta em tentar obter o amor e o carinho do pai. Por que ela nunca seria o suficiente, talvez ele estivesse certo no que dizia, ela era parecida demais com a mãe e Isolde se mostrava de difícil convivência, sempre perdendo a cabeça por pouca coisa e deixando a raiva guiar suas ações, sentimental demais.
—Ter de olhar para você nos meus últimos momentos me traz desgosto, Winnifred… Saia de imediato daqui, a única alegria que a morte me traz é que não terei de aturar a ti e tua mãe nunca mais! — Foram as palavras duras que Elijah lhe dirigiu em seu leito de morte, mesmo assim, ela permaneceu no quarto, observando agora Mary se aproximar dele e ele então sorrir ternamente, de forma que só fazia com a filha favorita. —Mary, minha criança… Se aproxime mais para que eu veja seu rosto… Tão bela e adorável, prometa a mim que não se tornará hedionda como sua mãe e irmã… Amo-te em demasia para sequer pensar que o faça, minha alma jamais teria paz se acontecesse.
E mesmo com todas as palavras cruéis, quando a vida deixou o corpo do barão, as irmãs choravam junto abraçadas ao corpo, implorando para que ele acordasse, para que não lhes deixasse com Isolde. Winnifred sabia que o pai não lhe amava, no fundo sempre soube, no entanto, nem mesmo isso conseguia afetar no quanto o amava e adorava independente da dor que ele lhe causava e qualquer mal trato que havia recebido ao longo dos anos. Tentou ser forte por ela e a irmã, sentia que era muito pior para Mary perder o pai, considerando que era mais próxima dele e ao menos ela era amada por ele.
—Eu sei que não fui a melhor mãe até agora… Mas agora que o pai de vocês se foi, podemos finalmente ser uma família! Nós Sandersons somos imparáveis quando juntas!
Era o que lembrava de ouvir a mãe dizer não muitos meses após a morte do barão, antes de lhes apresentar ao seu novo marido, Sir Richard, anunciando também a gravidez. Mary que acabará de fazer seis anos ficou mais animada com a ideia de uma nova irmã, Winnie ainda que cautelosa também ficou, querendo acreditar que ao menos daquela vez as coisas poderiam dar certo. As coisas pareciam estar melhores, Sir Richard era radiante e carismático, parecia realmente amar Isolde de forma verdadeira e tratava as filhas da esposa com afeição e carinho, como se fossem filhas dele também. O modo de agir dele fez com que até mesmo Isolde fosse mais agradável com as filhas, fazendo Winnifred pensar que talvez as coisas realmente estivessem diferentes e talvez se a mãe conseguia melhorar assim, conseguia ser amada, o mesmo também seria possível para ela.
A Sanderson mais velha estava certa de ter receio, de ter medo de que as coisas boas não iriam durar por muito tempo. Assim que Sarah nasceu, tanto a mãe quanto o padrasto deixaram de prestar atenção ou dedicar tempo a ela e Mary, foram descartadas como roupas velhas. Outra vez, a ruiva sabia que a bebê não tinha culpa de nada, mas os sentimentos ruins voltaram a lhe invadir outra vez, o ódio e a inveja querendo lhe tomar por completo sempre que via como olhavam para bebê, como ela e Mary eram negligenciadas e ignoradas, como se não fossem mais importantes. O pior em sua concepção, foi quando até mesmo a irmã do meio pareceu passar mais tempo e dar mais atenção a Sarah, era quase como se o bebê possuísse um tipo de imã ao seu redor que compelia todos a se aproximarem. Foi com isso que um dia quando encarregada de banhar a bebê, ela chegou perto de tentar lhe afogar, mas não conseguiu seguir adiante com sua ideia quando a pequena Sarah riu e estendeu os braços gordinhos em sua direção, balbuciando um “Wiiiiinie” animado. Desse dia em diante ela decidiu que apenas se importaria em receber o amor das irmãs mais novas, que cuidaria delas e faria delas o seu mundo, as pessoas mais importantes em sua vida.
Anos se passaram, a filha mais velha agora se encontrava com seus dezoito anos, Mary com quinze e Sarah a pouco havia feito oito anos. A mais velha tentava ignorar ao máximo toda a atenção e carinho que Sir Richard e a mãe davam a Sarah, buscando sempre que possível a levar para longe para que ficassem apenas as três irmãs juntas. Winnie não tinha muita paciência para crianças, ou qualquer ser vivo na verdade, mas a irmã caçula possuía um lugar especial em seu coração. Isolde se via ocupada demais com a caçula para sequer se dar conta que a beleza das filhas mais velhas chamavam a atenção, ainda que a favorito do vilarejo fosse Mary por seu maneirismo comportado e sua elegância, enquanto o temperamento ruim e a impetuosidade de Winnie apenas servisse para afastar qualquer possível pretendente. Dizia não se importar, porque não queria se casar na época, mas a verdade era que o sentimento de ser menor que a irmã do meio lhe desagradava, a forma que todos pareciam tão encantados com ela lhe dava raiva.
TW: Assédio.
Foi com isso que não notou qualquer maldade quando o padrasto pareceu voltar a se aproximar dela ou a forma que ele elogiava sua beleza, como dizia que os cabelos vermelhos apenas a tornavam mais bela e que o comportamento impetuoso e incontrolável lhe tornava ainda mais atraente, que os homens do vilarejo eram tolos de não perceber tal coisa. Pensou que ele apenas estava a confortando, que os abraços eram um mero consolo para que ela não se sentisse mal, que talvez ele tivesse percebido que havia errado em negligenciar ela e Mary enquanto cresciam. Pela única vez que se permitiu ser ingênua e vulnerável, não demorou a perceber que estava errada quando os abraços se tornaram longos e apertados demais, quando os carinhos se tornavam mais frequentes e incisivos, mesmo assim ela queria acreditar que ele não lhe faria nenhum mal, que ele não magoaria a mãe tal como o pai havia feito. Mas demorou muito para que toda aquela ilusão fosse por água abaixo na noite em que após um abraço e palavras reconfortantes, ele a beijou da mesma forma que beijava a esposa, deixando a jovem Winnifred em choque e pânico, ainda mais quando ouviu a voz de Isolde, se afastando de imediato do padrasto.
Fim do TW: Assédio.
—Como você pode fazer isso, Winnifred?! Não foi o suficiente que tenha estragado meu casamento com seu pai?! — A jovem tentou se explicar, dizer que não havia feito nada e que havia sido Richard que havia lhe beijado, mas Isolde parecia enfurecida demais para ligar para tal coisa. —Depois de tudo que eu fiz por você, tudo que você faz é estragar tudo que eu tenho! Seu pai estava certo, eu deveria ter me livrado de você assim que nasceu! Tudo que você faz é destruir tudo à sua volta, suga a felicidade das pessoas e espera que todos se foquem em você… E até mesmo agora, quando eu finalmente estava feliz de novo, o que você faz?! Acaba com tudo!
—Mãe, eu… Eu não… —Tentou falar sentindo um nó se formar na garganta, as palavras da mais velha lhe atingiam como navalhas no coração, não conseguindo entender o que havia feito de tão errado durante todos aqueles anos.
—Cale a boca! Eu não quero ouvir uma palavra saindo da sua boca! Você é desprezível, Winnifred, você sempre quis saber por que seu pai brigava comigo? Por você! Sempre por sua causa! — Winnie tentou se aproximar da mãe e a acalmar, mas com a aproximação só acabou por receber um tapa forte no rosto, o estalo ecoando pela sala enquanto os olhos azuis de Winnifred fitavam a mãe em choque e tristeza, lágrimas começando a rolar por sua face. —Não pense que chorar vai te tirar dessa situação! Só fazem você parecer mais patética do que já é!
Naquele momento, ela apenas correu para fora da sala, para fora da casa deixando a mãe para trás aos berros. Sentia a dor no rosto e sabia que estava avermelhado, ardendo em calor, mas sequer se comparava ao que ela sentia dentro de si, as palavras da progenitora lhe machucando muito mais que a agressão física. Passou algumas horas na floresta, encolhida contra uma árvore chorando de forma livre como dificilmente fazia, por que detestava se mostrar vulnerável na frente dos outros e achava que sempre tinha de ser forte pelas irmãs, mas naquele momento tudo havia sido demais para que ela pudesse aguentar. Por isso quando viu Mary e a pequena Sarah se aproximarem dela, não se importou de limpar as lágrimas ou agir como se estivesse tudo bem, apenas estendeu os braços para pudesse abraçar as duas, enquanto ouvia as irmãs dizerem que estava tudo bem.
—Eu vi que a mamãe disse coisas horríveis, mas nós estamos aqui com você, Winnie… Eu até briguei com ela também! — Disse uma Sarah de oito anos estufando o peito, orgulhosa de ter se imposto para alguém, especialmente para algo tão furiosa quanto Isolde. —Eu amo a mamãe, mas não gosto quando ela é assim com você e Mary… Vocês são tão legais.
—O que a Sarah quer dizer é que te amamos, Winnie, sabemos que não foi culpa sua, nós vimos que não foi. — Respondeu Mary em tom mais calmo, enquanto afagava os cabelos ruivos da irmã mais velha, sempre sendo a melhor dentre elas para lidar com os sentimentos alheios.
—Sim!Sim! Eu vi que papai beijou você! Foi muito feio da parte dele! Por isso eu mordi a canela dele antes de correr com a Mary pra cá.
Contou a criança em tom divertido, ela sempre via a vida com maior leveza, sendo definitivamente o que trazia certo alívio para as duas mais velhas. Depois daquela noite, Winnifred se viu farta do tratamento de Sir Richard e sua mãe, escolhendo fugir junto das irmãs no meio da noite, tirando assim a única alegria que os dois tinham, Sarah. Além de roupas e um pouco de comida, levou a maioria dos tão preciosos livros de Isolde do qual ela nunca lhes deixava tocar. Não foi uma tarefa fácil para que conseguissem sobreviver nas primeiras semanas, mas contavam com a fofura de Sarah e a beleza de Mary para lhe render a simpatia das pessoas, o suficiente para que conseguissem sobreviver até conseguirem algo melhor. Foram nesses meses iniciais que Winnifred e as irmãs se viram presas nos livros da mãe, descobrindo a magia que vinha na linhagem delas e que a mãe estava as privando de usar. Apenas um único livro, um que parecia ter um olho fechado na capa, se recusava a abrir, por mais que tentassem de tudo, nem mesmo magia era capaz de o abrir. Os anos se passaram e as três aperfeiçoaram sua magia, descobrindo que possuíam talentos únicos e distintos uma das outras.
Foi quando Sarah já estava no início de sua adolescência e as mais velhas já estavam bruxas mais aptas em questão de poder que decidiram retornar para casa, tanto para tirar satisfações com a mãe quanto para se vingar de Sir Richard. Quando chegaram, apenas Sir Richard se encontrava em casa e ele prontamente foi abraçar Sarah, que se recusou se escondendo atrás das irmãs mais velhas. Ele tentou argumentar, mas Winnifred apenas pediu para que as irmãs se retirassem a deixassem sozinha com ele, dessa vez ela estava muito mais forte e confiante em suas habilidades, poderia se virar sozinha, sentia que precisava fazer aquilo sozinha.
—Winnifred, eu sei que faz tempo e você não se lembra de muito… Mas eu e sua mãe podemos perdoar você, todas vocês podem voltar a viver conosco. —Ele disse com tanta sinceridade e certeza, que fez com que a ruiva desse uma risada em certa incredulidade, se perguntando como alguém poderia viver a mesma situação que ela e acreditar na versão oposta ao que havia acontecido. —Você era jovem e carente, estava com ciúmes que Mary estava recebendo toda a atenção e acabou projetando seus pensamentos e desejos em mim, mas eu conversei com a sua mãe e…
TW: Assassinato e Tortura.
—Calado! — Brandou e com um gesto de mão e algumas palavras murmuradas, ele se via incapaz de emitir qualquer som, agora ele olhava para ela horrorizado. Como se a realização estivesse finalmente aparecendo, ele finalmente estava se dando conta de que havia mexido com a pessoa errada, que o todo o poder que ele achava ter sobre a situação era inexistente. Ela caminhou na direção dele, levando a destra até o rosto dele, as unhas se fincando contra a carne alheia, os olhos azuis dela o olhavam com nojo e ressentimento que havia guardado por anos. —Você e Isolde que deveriam implorar pelo meu perdão, foi você que tomou interesse em mim, foi você que tentou se aproveitar de mim e da confiança que eu tinha… Você é o culpado de tudo que aconteceu e agora eu irei fazer você pagar por isso.
Com isso dito, a destra desceu até o ombro dele o forçando contra o chão, fazendo uso de um feitiço de paralisação para que ele não pudesse escapar mesmo que quisesse. Agora, ambas as mãos da ruiva estavam contra o rosto dele, o apertando com força demais para o que era esperado de uma mulher como ela. Ela sorriu quando o olhou nos olhos, quando viu o pavor, o medo… Ainda que não ver arrependimento lhe deixasse furiosa. Aqueles olhos verdes lhe encarando arregalados, quase como se soubesse o que estava por vir a seguir. Odiava aqueles olhos, odiava desde o momento que eles passaram a lhe encarar a distância, desde o momento que decidiram que ela seria a vítima perfeita. Os polegares de ambas as mãos percorreram o rosto dele até que chegassem nos olhos, as unhas afiadas se cravando nos globos oculares do mais velho e o grito dele em dor quebrando o feitiço que o mutou, porém, sequer se comparava a dor que viria a seguir quando a energia verde emanava das mãos de Winnifred e se alastrava por todo corpo de Richard, de dentro para fora o eletrocutando. O prazer que sentiu ao escutar os gritos e a expressão de dor e sofrimento dele lhe eram indescritíveis, o sorriso no rosto não era necessariamente maligno, mas expressava alívio e satisfação.
Fim do TW: Assassinato e Tortura.
—Winnifred?! Você… Não! Não…— Foram as primeiras palavras de Isolde quando entrou na sala, a tempo de ver o corpo do marido caindo no chão completamente sem vida, correndo até ele e o agarrando, uma fina cor esverdeada saindo dos dedos da mulher conforme ela tentava usar sua magia com ele, mas já era tarde demais. Lhe foi incômodo perceber que até mesmo a cor de suas magias eram iguais, que até nisso se pareciam, ainda mais quando não passava um dia do qual Winnie não lutasse para ser diferente da mãe. Os olhos azuis da mãe se viraram furiosos na direção da filha, ela se levantando em um rompante e marchando na direção dela. —Por que você voltou? Já não foi o suficiente que tenha sequestrado sua irmã? Que tenha roubado meu mais precioso grimório?! Eu já lhe poupei mais que o suficiente, criança!
Parte de Winnifred sequer queria se dar ao trabalho de discutir, sabendo que não levaria a lugar algum com alguém tão teimosa e cega quanto Isolde, mas também não teve tempo de sequer pensar em reagir, a energia esverdeada cobrindo seu corpo conforme um dor horrenda se espalhava por todo o corpo lhe fazendo gritar em dor. Isso pareceu ser o suficiente para que Mary e Sarah surgissem, usando da magia em conjunto para atacar a mãe a jogando para longe e cortando o efeito do feitiço usado na mais velha do trio.
—Mãe, não precisa ser assim… Nós somos mais fortes juntas, não foi o que você disse? — Tentou Winnifred uma última vez, porque mesmo com tudo ainda amava a mãe e queria seu bem, mesmo quando a mais velha não merecia. Porém, as palavras da filha não parecem significar nada quando a matriarca se levantou e foi na direção delas outra vez, mas com apenas um sinal de cabeça de Winnie, ela e as irmãs atacaram a mãe em conjunto, aos poucos vendo a ruiva que mesmo mais velha anteriormente era tão bela se desfazendo na frente delas, envelhecendo de forma tão rápida e dolorosa que a fazia gritar, até que nada mais restou além de pó.
Os restos de Isolde foram guardados em uma urna, mesmo que nenhuma das irmãs falasse nada era nítido que as três estavam tristes com o que havia acontecido, mas sabiam que se não fosse assim teria sido uma delas a morrer ou até mesmo todas. No entanto, o que chamou a atenção de Winnifred fora que o livro que até o momento era impossível de se abrir começou a piscar depois da morte de Isolde, quando a ruiva tentou o abrir sentiu um rasgo na mão, o sangue carmesim caindo sobre o único olho na capa, a olhando como se agora a reconhecesse. Dentro dele haviam algumas anotações, que explicavam que aquele grimório era o mais importante dentre todos os outros da família e só correspondia a primogênita de cada geração, só podendo ser passado adiante após a morte da antiga possuidora. Agora estando ligado pelo sangue com Winnifred, obedecia a ela e apenas ela, mesmo assim a ruiva não se importava de compartilhar os conhecimentos do grimório com as irmãs, mesmo que o livro lhe instruísse para que não o fizesse.
Conforme os anos passavam as irmãs pareciam ter se recuperado de tudo, ainda que sempre levassem a urna com as cinzas da mãe sempre que se mudavam, como uma lembrança que jamais ficaria para trás. Winnifred passava tão mais focada em seu precioso grimório e estudos, que todo o resto parecia ser uma mera distração aos seus olhos, mesmo que ainda cumprisse com suas obrigações como a mais velha das irmãs. Foi só quando Sarah completou seus dezoito anos e pretendentes começaram a bater na porta do chalé das Sandersons, que a ruiva se deu conta do quanto a mais nova havia crescido e se tornado bela tal como Mary era, ainda que a irmã do meio já não obtivesse muitos admiradores por ser mais velha, uma das poucas coisas que aquietava a inveja de Winnie até certo ponto. Fora naquele mesmo ano que as irmãs fizeram um pacto que nenhuma delas se casaria, que ficariam para sempre juntas apenas as três sem deixar que qualquer homem ou mulher se pusesse entre elas, porque a família era mais importante que todo o resto.
Mesmo assim, isso nunca foi impedimento para que qualquer uma das irmãs não se envolvessem com outras pessoas, mas estas eram apenas diversão e nada mais como Sarah mesmo gostava de dizer. Porém, quando a mais velha conheceu o belo e carismático William Butcherson, a visão que tinha sobre toda aquela situação pareceu se alterar um pouco, não sabia dizer exatamente o que havia nele que havia capturado sua atenção, ele não era de boa família e tão pouco era poderoso, mesmo assim havia algo que a atraía em demasia. Talvez fosse o fato de que ele fosse um dos únicos que não parecia se incomodar com seu temperamento ou suas ideologias, a forma da qual mesmo quando estava na companhia de suas irmãs ele parecia ser capaz apenas de olhar para ela e ninguém, a gentileza preocupação genuína que parecia ter com ela. Esta que pareceu não desaparecer mesmo quando ela tentou o assustar, quando fez de tudo para que ele fosse embora e ele escolheu ainda assim permanecer.
E claro, não demoraria muito para que suas irmãs notassem a forma que ela olhava para ele ou a forma que os sorrisos antes tão raros na frente de outrem, surgiam com facilidade na presença dele. Por isso, escondidos das irmãs e todo o resto eles passaram a se encontrar na floresta para que pudessem desfrutar da companhia um do outro. Foram nesses encontros que ele passou a lhe fazer juras de amor, promessas sobre como ela era única que ele iria amar e não havia nada no mundo que pudesse mudar o que ele sentia por ele. E Winnifred quis acreditar nele, quis acreditar em cada uma das palavras que lhe eram ditas com tanto carinho e devoção, mesmo que a razão lhe dissesse que tudo aquilo poderia dar errado, ao menos uma vez ela optou por escutar o próprio coração. Porém, mesmo com toda a cautela da mais velha, as irmãs notaram as mudanças no comportamento dela que agora se via cada vez mais afastada do precioso livro e da magia, se encontrava mais afável e carinhosa como costumava ser antes da morte da mãe, antes de se ver completamente obcecada com o grimório. Era quase como se sentimento que sentia estivesse lutando contra a magia das trevas que lhe consumia por dentro, como se estivesse tentando a puxar para fora da escuridão.
E conforme os meses passavam, não demorou para que em diversos momentos ele tenha a pedido em casamento, ainda que ela negasse todas as vezes por conta do pacto feito com as irmãs, ele parecia entender, mas prometia que jamais se colocaria entre elas, que ajudaria ela a cuidar das mais novas ao lado dela. Foi no dia que decidiu contar a ele que finalmente falaria com as irmãs, que tentaria as convencer de que dois poderiam dar certo e isso não prejudicaria a união das Sandersons, foi nesse dia que tudo pareceu se perder. Estava animada conforme andava até o local onde tipicamente se encontravam, mas o sorriso e qualquer emoção boa pereceu no momento que os olhos claros flagraram Billy beijando Sarah, sentia o interior ser consumido por uma sensação horrível e desoladora. Ao contrário do que era esperado, ela não gritou ou ameaçou qualquer um dos dois, apenas fugiu silenciosamente para longe dali, de volta para casa.
Não era típico da mais velha chorar, mais ainda na frente de Mary, mas não conseguia mais se controlar conforme as lágrimas se derramavam enquanto ela abraçava uma irmã que não parecia tão confusa quanto deveria, quase como se soubesse que aquilo iria acontecer de antemão, mas a ruiva estava arrasada demais para notar qualquer coisa. Se sentia tola e patética de ter acreditado nas palavras dele, pior ainda se sentia imensamente parecida com a mãe naquele momento, o que lhe causava calafrios e um desgosto imenso, sentir que estava se tornando a pessoa que mesmo amando mais abominava. Quando conseguiu soltar Mary foi de imediato na direção do grimório, no momento que ele se abriu foi como se todos sentimentos ruins que haviam sido reprimidos voltassem com ainda mais força, em especial aqueles relacionados à irmã mais jovem. Toda a inveja que sentia se misturava com ódio, o sentimento imenso de traição, mas com ajuda de Mary ela conseguiu se manter mais racional, concordando em esperar que Sarah chegasse e explicasse seu lado da história.
TW: Assédio.
Quando a loira chegou no chalé aos prantos foi prontamente acolhida por Mary, a ruiva no entanto manteve certa distância necessária para que ela mesma não acabasse desabando em lágrimas outra vez. Ouviu o que Sarah tinha a dizer, sobre como havia encontrado com ele sem querer na floresta e ele começou a dizer coisas sugestivas a ela, até que por fim a beijou contra a vontade dela, que quando ela o afastou ele implorou para que não contasse a Winnifred, que quando ele se casasse com ela, eles poderiam ficar juntos em segredo. E com isso, o sentimento de inveja e raiva foi aos poucos se transformando em nojo e desgosto por William, agora abraçando a irmã para lhe acolher como ela desejou que a própria mãe tivesse feito com ela após o acontecimento com Richard. E mesmo ainda muito abatida com tudo, junto das irmãs tramou a morte do amante, afinal, não poderiam o deixar vivo quando ele sabia muito mais que devia delas, tão pouco deixar que ele partisse sem sofrimento após o que fez.
Fim do TW: Assédio.
No dia seguinte, Billy surgiu no chalé das Sandersons, era visível que ele estava diferente em sua forma de agir, como se estivesse nervoso com algo, mas sempre que tentava falar algo ele mesmo se impedia de prosseguir. Dessa vez era visível a forma que os olhos dele pareciam se desviar para a figura loira na mesa sempre que achava que Winnifred não estava olhando, o que exigiu um controle que a ruiva nem sabia que tinha para se manter calma. Mary serviu uma taça de bebida para o homem, prontamente o incentivando a beber para provar a nova mistura que ela e as irmãs haviam feito. Aos poucos o veneno começou a fazer efeito e ele dirigiu um olhar horrorizado e incrédulo na direção da Sanderson mais velha, ainda que com certo ódio na direção das outras duas irmãs.
—Winnifred… Eu… Por que?
—O que foi, Billy? O gato comeu sua língua? —Indagou Sarah dando uma risada maldosa enquanto dançava na volta dele, que se contorcia tentando falar algo, mas parecendo inapto de falar algo coerente. —Vamos, Winnie! Costure os lábios dele! Costure! Costure!
TW: Assassinato.
A ruiva apenas mandou que a mais jovem calasse a boca e Sarah obedeceu voltando a se sentar, mesmo que ainda risse em divertimento com a situação. Winnifred aproximou de William conforme o corpo dele caia no chão, murmurando algumas palavras e vendo o olhar horrorizado dele conforme uma agulha e linha mágica costuraram os lábios dele para que mesmo na morte ele fosse incapaz de revelar os segredos das irmãs, para sempre sendo silenciado. Quando viu a vida por fim deixar os olhos do Butcherson, acariciou o rosto gélido lhe deixando um último beijo na testa antes de se recompor e se levantar voltando sua atenção às irmãs mais novas.
Fim do TW: Assassinato.
—Que isso sirva de lição para todas nós, ninguém que tente se colocar entre nós sairá com vida… Agora se livrem do corpo dele antes que infeste a casa.
#✧ ━━ ♡ ˖ 𝘐 𝘥𝘰 𝘸𝘩𝘢𝘵 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘸𝘩𝘦𝘯 𝘐'𝘮 𝘸𝘢𝘯𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘵𝘰╱ POV ◝#tw: assédio#tw: agressão infantil#tw: agressão#tw: assasinato#tw: tortura#ai ai#pensar que passei uma semana pra escrever algo tão ruim#peço perdão a quem ler desde já
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